quarta-feira, 30 de junho de 2010

'Eclipse' é o melhor filme da série 'Crepúsculo'

A história da saga “Crepúsculo” envolve dois elementos que precisam se integrar bem para que um filme funcione. O primeiro e mais óbvio é a fantasia. Vampiros e lobisomens, duas raças que se odeiam há séculos, estão por todos os cantos da pequena Forks, a cidade americana onde se passa a trama. O outro é a humanidade. Bella Swan (Kristen Stewart) é uma adolescente prestes a se formar na escola, com aquelas questões bem conhecidas da idade: futuro, amor, desejo e sexo. Para ela, a fantasia serve como uma analogia de algo maior. “Que vida quero levar?”, Bella se pergunta o tempo todo entre as decisões de permanecer com um vampiro pálido e imortal ou se aventurar com um lobisomem sarado e, digamos, mais “quente”; entre a vontade de também se tornar vampira ou o medo do que isso pode acarretar; entre ir embora para descobrir o mundo ou ficar ao lado de seus amigos e parentes que a amam.

Descontados os seres fantásticos, são as mesmas escolhas de qualquer jovem com 16, 17 ou 18 anos. Ao se focar nelas, “A saga Crepúsculo: Eclipse”, o terceiro filme da série, que estreou ontem, acerta ao compreender que a fantasia deve estar a serviço da humanidade, e não o contrário. Por isso, é a melhor das três adaptações dos livros escritos pela americana Stephenie Meyer (os outros foram “Crepúsculo”, de 2008, e “Lua nova”, do ano passado).
Com direção de David Slade, “Eclipse” se inicia com Bella entregando suas questões para a plateia. Ela quer que seu namorado, o vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson), torne-a imortal como ele. O rapaz, por sua vez, quer casar, formar família, tem sonhos humanos. Pode-se dizer que um almeja o que só o outro tem. Mas há um terceiro elemento nisso tudo: Bella também gosta do lobisomem Jacob Black (Taylor Lautner), um personagem que era apenas fofinho nos filmes anteriores, mas que agora assume a postura de galanteador, meio cafajeste do bem. Jacob ama Bella e lhe oferece a vida que Edward não poderia lhe dar.
Mas as garotas, por mais que gostem de flertar com os cafajestes, acabam sempre escolhendo os bons moços. Edward é um tipo que reprime o desejo de Bella, o que soa estranho quando lembramos que histórias de vampiros são sempre repletas de desejo. Sua sede de sangue, nos clássicos do gênero, é praticamente sexual, quase incontrolável. Fica esquisito, então, ouvir um vampiro dizer algo como: “Não, Bella, só depois do casamento.” Sabedoria? Maturidade? Ou simplesmente alguma mensagem de fundo religioso passada à frente por Stephenie Meyer, uma fiel mórmon, praticante e pregadora?
Moralismo exagerado de lado, a dúvida de Bella e a certeza de Edward embaralham emoção e razão, humanidade e fantasia. Enquanto isso, um grupo de vampiros recém-criados toca o terror em Seattle, cidade próxima a Forks, com um objetivo que só vai ficar claro lá para o fim do filme. Tanto essa ação quanto os dramas sentimentais da mocinha fazem de “Eclipse” um filme denso, sombrio até.
Kristen, como já demonstrara anteriormente, destaca-se do resto da turma — a cena em que ela diz para o pai que ainda é virgem (nossa, jura?) mostra sua capacidade de dialogar com uma plateia que provavelmente compreende bem seu sentimento. Pattinson melhora um pouco em relação aos filmes anteriores, talvez porque seu personagem exija mais do ator desta vez, mas ainda mantém um tom irritante ao sussurrar seu texto. Já Lautner tem a tarefa mais fácil de todas: ele vive o garotão que se esforça para conquistar a mocinha. Com a fama e a idade — 18 anos — que tem, deve ser exatamente isso o que ele faz antes de dormir.


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